Ícone da publicidade brasileira, Washington Olivetto morre aos 73 anos
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- 14 de out. de 2024
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Olivetto foi classificado como um dos 25 publicitários mais importantes do mundo
Washington Olivetto, um dos maiores ícones da publicidade brasileira, falece aos 73 anos, no Rio de Janeiro, neste domingo (13). A causa da morte ainda não foi revelada pela assessoria de imprensa. Ao longo de sua carreira, Olivetto construiu um legado de campanhas publicitárias inovadoras e memoráveis, consolidando-se como uma referência na área de comunicação e propaganda. No entanto, um dos momentos mais marcantes de sua vida pessoal foi o sequestro que sofreu em 2001, quando ficou em cativeiro por 53 dias, em uma casa localizada no Brooklin, Zona Sul de São Paulo. O episódio traumático, além de chamar a atenção do país, reforçou sua capacidade de resiliência e criatividade mesmo em situações adversas.
O sequestro foi orquestrado por guerrilheiros revolucionários chilenos, cujo objetivo era angariar fundos para suas operações. Durante todo o período em que esteve preso, Olivetto foi mantido em um cubículo pequeno, sem qualquer contato visual com os sequestradores e com música tocando de forma ininterrupta, como uma estratégia de desorientação psicológica. Apesar das condições extremas, ele aproveitou o tempo no cativeiro para esboçar o livro que posteriormente lançaria: "Corinthians, É Preto no Branco", uma obra em parceria com o jornalista Nirlando Beirão, que também faleceu alguns anos depois.
A ideia de escrever o livro surgiu antes do sequestro, mas foi no cativeiro que Olivetto começou a estruturar a narrativa em sua mente. Ele relatou que, mesmo em uma situação tão angustiante, encontrou refúgio na sua paixão pelo futebol e no projeto do livro para manter sua sanidade mental. "Eu só consegui sobreviver porque tinha onde, para quem e o porquê voltar", declarou o publicitário em entrevistas após ser libertado.
A libertação de Olivetto ocorreu de forma inusitada. Ele percebeu que havia ficado sozinho no cativeiro após alguns sequestradores terem abandonado o local ao descobrir que forças policiais haviam prendido outros membros do grupo. Ele começou então a fazer barulho, batendo nas paredes, na tentativa de chamar a atenção. Sua tática deu resultado: uma vizinha, estudante de medicina, escutou os ruídos usando um estetoscópio e alertou a polícia. A operação de resgate foi rápida, e os policiais invadiram a casa, salvando o publicitário sem que o resgate exigido pelos sequestradores tivesse sido pago.
Após ser resgatado, Olivetto foi levado para casa antes de ser conduzido ao depoimento policial. O próprio publicitário fez questão de ver sua esposa primeiro. Ao ser reconhecido por um dos policiais como um corinthiano, pediu que o levassem para casa antes de seguir para a delegacia. Mesmo após passar mais de 50 dias em confinamento, ele demonstrou sua característica presença de espírito ao afirmar que sabia, sem ter contato com o mundo externo, que o dia de sua libertação era 2 de fevereiro. Sua capacidade de se manter firme e orientado durante o cativeiro se tornou um dos relatos mais impressionantes da sua vida.
O sequestro deixou marcas não só na vida pessoal de Olivetto, mas também na história do combate ao crime no Brasil.
Um dos líderes da operação de sequestro, o chileno Maurício Hernandez Norambuena, permaneceu preso no Brasil até sua extradição para o Chile em 2019. Ele era um dos membros de uma facção guerrilheira que organizou o crime.
Olivetto foi resgatado, mas sua fama, criatividade e amor pelo trabalho transcenderam o episódio sombrio de sua vida. Suas contribuições para a publicidade brasileira são inigualáveis, e sua trajetória, tanto pessoal quanto profissional, continuará sendo lembrada como uma das mais notáveis da história da comunicação no Brasil.
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